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JOVENS E BÍBLIA

A professora da Escola Bíblica Dominical (EBD) Eliane Santos propôs aos seus alunos adolescentes uma brincadeira nova, conhecida como espada. Colocou na frente da classe seis dos presentes na aula dominical. Mandou que levantassem a Bíblia, e depois de dar uma referência e contar até três, deviam localizar o versículo. Elaine se assustou com o que viu. Pediu que localizassem 1 João e notou que eles procuravam no início do livro. Quando citou Amós viu que se confundiam mais ainda. “Dou aula para 15. Destes, percebo que apenas uns dois ou três conhecem a ordem dos livros bíblicos. É cada vez mais difícil fazer com que se interessem pela leitura sistemática da Bíblia. Meu desafio é dar uma aula atraente onde consigam assimilar os valores bíblicos.”
O que eles acham das opções
e versões bíblicas
Um dos alunos de Elaine que sabe lidar bem com a Bíblia é Tiago, 17 anos. Seus pais se converteram quando ele tinha 10 anos. Aluno assíduo da EBD, desde então aprendeu que somente conhecendo a Bíblia consegue ter o conhecimento de que precisa e as respostas para os que questionam sua fé. Preparando-se para o vestibular para medicina, acorda às 5h30 e, quando entra no cursinho, às 7h30, já fez sua devocional. “Prefiro ler a Bíblia impressa, enquanto tomo café. Tenho um amigo que prefere fazer isso pela internet, mas não acho que seja a mesma coisa”, explica, lembrando que os cultos domésticos realizados toda noite na sua casa foram importantes para lidar bem com a Bíblia. “Agora não conseguimos mais reunir toda a família. Já não somos mais crianças e é difícil reunir todo mundo; só que aprendemos o valor de buscar todos os dias o que Deus tem a nos dizer.”
Tiago anda com sua Bíblia na mochila e Samira também. Com 18 anos, reconhece que é no domingo o dia em que mais faz leitura bíblica. “Acompanho todas as leituras feitas na igreja e anoto os textos numa caderneta, para estudar durante a semana, mas nunca consigo”, desabafa Samira que, nascida num lar evangélico, tem cinco edições diferentes. “Comprei minhas Bíblias pela capa, pelo design, e minha preferida é a de capa rosa e zíper dourado. Até minhas amigas que não são crentes acham-na linda.” 


MOTIVAÇÕES

Cada vez mais lendo notícias e informações curtas pela internet e seduzidos pelo apelo visual, os jovens brasileiros, evangélicos ou não, consideram a leitura como algo importante, de acordo com uma pesquisa feita pela Câmara Brasileira do Livro. No entanto, a leitura é vista mais como obrigação do que como prazer. Fernando Bastos, filho de pastor metodista, 15 anos, assume que só leu os livros que a escola mandou porque valiam nota. “Gostei de Homem com furo na mão, de Ignácio Loyola Brandão. Só que não li mais nada dele. Li um livro de Machado de Assis, mas nem lembro o nome. E não leio muito a Bíblia. Gosto que me contem as histórias.” O pai de Fernando, pastor Marcio Bastos, diz que não sabe mais o que fazer. “Nós sempre estimulamos a leitura. Não lendo a Bíblia, ele se prejudica em sua vida cristã. Não lendo literatura, ele se prejudica na vida e na escola.”

A mesma pesquisa da Câmara Brasileira do Livro aponta alto consumo de livros e interesse pela literatura em geral, mas, apesar disso, o brasileiro dedica apenas 5,2 horas por semana à leitura, de acordo com uma outra pesquisa sobre hábitos das populações locais promovida pelo NOP Reports Worldwide, instituto que elabora rankings sobre comportamentos do mercado mundial. O Brasil, com as horas dedicadas à leitura, fica em 27º lugar. A Índia lidera com media de 10,7 horas de leitura semanal por habitante. Foram analisados 30 países. A pesquisa revela que os brasileiros lêem, em média, 1,8 livros por ano. Prova de que ainda estamos longe do ideal de Monteiro Lobato que afirmou que um país se faz com homens e livros. “Temos de reinventar o Brasil se quisermos ver-nos país. Agora sabemos por que não veremos país como este. É que este não é país nenhum. Atribui-se a Charles de Gaulle a frase: ‘O Brasil não é um país sério’. Ele errou, faltou-lhe uma vírgula. A frase deveria ser: ‘O Brasil não é um país, sério!”, indigna-se o pastor Ariovaldo Ramos, lembrando que, em parceria com a Ação Educativa, o Ibope informou que 75% dos brasileiros são analfabetos ou semi-analfabetos, isto é, oscilam entre não saber ler, ler e não entender ou entender quase nada do que lêem.

LEITURA SOB SUSPEITA 
Os dados da Ação Educativa também colocam até a leitura bíblica sob suspeita. “São mais de cem milhões de brasileiros que não sabem ler ou lêem mal, ainda que tenham passado pela escola, inclusive os jovens evangélicos. Por isso, temos líderes, pastores que fazem o que querem com suas ovelhas, principalmente o que a Bíblia não ensina”, polemiza a professora Eliane que, além de lecionar na EBD, ensina português e literatura na rede pública estadual de São Paulo. 
Para Helena Martins, a situação é mais complicada. Formada em economia, 25 anos, se converteu numa igreja batista no início da juventude. Adquiriu o hábito de ler a Bíblia todos os dias e faz isso mesmo quando está desanimada, sem vontade de ir à igreja. “Vejo o estudo da Bíblia ser substituído por livros de auto-ajuda. É impressionante como até autores cristãos interpretam versículos como querem, sem analisar o contexto histórico do Evangelho.” Para Helena, jovens como ela não se interessam, propriamente, pelo estudo e leitura da Bíblia. “Mas até os pastores parecem pregar cada vez menos a Bíblia e a solução, para tudo, está na Palavra. Não tem jeito de ser diferente.”

FONTE: REVISTA ENFOQUE   REPORTAGEM: Nilza Valéria